Mafalda e a Guerra Fria
Todos os que já se prepararam
para uma prova de vestibular tiveram ao menos um contato superficial com
Mafalda. A contestadora personagem criada por Quino, um cartunista
argentino/espanhol, fez muito sucesso criticando tudo e todos entre as décadas
de 50 e 80. Por conta dessas críticas a menina sempre esteve presente em
avaliações, e por sempre estar pisando no calo dos vestibulandos em momentos de
“tensão” nunca foi muito bem vista aos olhos de um monte de gente. O que eu
acho um absurdo.
Mafalda é uma das minhas personagens preferidas por muitos
motivos, um deles é que você consegue facilmente ver o contexto histórico por
trás daqueles quadrinhos. É como ir estudar uma escola literária. O Arcadismo,
por exemplo: não adianta você decorar os autores e as características estruturais
da literatura árcade se não der uma olhada na sociedade iluminista na qual essa
escola estava incluída. Quando lemos Mafalda e abrimos um livro de história
vemos que a menina surgiu no meio da Guerra Fria, onde o mundo estava dividido
em duas partes, capitalismo x socialismo, USA x USSR, Muro de Berlim... Encanta-me
abrir um livro e encontrar uma tirinha como esta:
Clique na imagem para visualizar melhor. |
Essa tirinha foi extraída do
livro "Toda Mafalda" que organiza, por ordem de publicação, centenas de
tirinhas desde o começo “oficial” das publicações de Quino. Vez ou outra dou
uma olhada no livro e tudo que eu consigo pensar é “essa questão daria uma boa
discursiva pra a UFPE”. Pré-vestibulando sofre cada lavagem cerebral...
Encanta-me ainda mais olhar uma
tirinha como esta, que em minha opinião foi a melhor sacada (e alfinetada) de
toda a história da personagem:
Clique na imagem para visualizar melhor. |
Minha gente, que coisa incrível!
Eu fico até com raiva de quem fala mal de Mafalda depois de uma tirinha genial
como essa. Genial. Eu não consigo pensar em outra palavra para definir Quino,
que nas entrelinhas fala na “cortina de ferro” que não permite que os singelos
votos de feliz natal por parte de Mafalda cheguem ao ocidente. A "cortina de ferro" que divide duas partes do mundo.
Por conta de tirinhas como essa que eu não entendo quem não consegue gostar da menina prodígio de Quino. É como
não gostar de conhecer seu passado, como tapar os ouvidos para os que querem te
contar uma história. De coração, espero que Mafalda faça parte das muitas provas
de vestibulares que eu farei esse ano porque eu estou preparada para ela. E se
for para ela cair “na boca do povo” como Clarice Lispector e Caio Fernando
de Abreu eu espero que todo esse “povo” consiga entender o que há por trás dos
desenhos do senhor Joaquín Salvador Lavado Tejón, pai da menina mais globalizada de todos os
tempos.
MAFALDA grande criação do argentino Quino, merecidamente um dos melhores do mundo com uma personagem politilizada e viva no contexto de um mundo contemporâneo, infelizmente ou felizmente para não se tornar repetitivo ou fora de contexto Quino a matou, assim MAFALDA, assim MAFALDA VIVERÁ eternamente e sua voz nunca se CALARÁ
ResponderExcluir