quarta-feira, 23 de maio de 2012

Bloco cultural 03

  No post E o sertão vai virar mar?, foi citado alguns personagens típicos da terra rachada, como Severino de Morte e vida Severina e Fabiano e Sinhá Vitória de Vidas Secas. Notei que algumas pessoas ficaram perdidas quando escrevi os nomes, provavelmente não leram nenhum dos livros. E como não é a primeira vez que são citados por aqui e que provavelmente continuarão sendo, achei mais do que obrigação em dizer pelo menos quem são. Não vou contar toda a história, muito menos fazer um resumão. É coisa rápida, já que você está no Facebook agora e não pode perder seu tempo. No fim saberás o porque de atribuir uma singela importância às obras.
  Morte e Vida Severina é um livro de João Cabral de Melo e seu título é uma relação ao sofrimento levado pelo personagem Severino, que sai de seu interior em busca de algo melhor no litoral. Tem lá seu tom dramático, em que o personagem permeia entre continuar seguindo ou abandonar a vida. Nesse poema, os versos generalizam todo povo sofredor como Severinos, e uma de suas partes bem "cantadas" é na hora em que ele explica ao leitor quem é e a que vai: 
 — O meu nome é Severino,

não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zaca 


  Já no livro do grande Graciliano Ramos, Vidas Secas, é passado o mesmo desfecho, só que desta vez com uma família de retirantes: Fabiano o pai, Sinhá Vitória a mãe, os dois filhos, o papagaio e a famosa cadela Baleia; que parece ser a mais humanizada de todos. Eles fogem da maldita seca em busca de chuvas, e quando chega o período de estiagem, eles migram novamente.
  Não foi contado muito dos livros para TENTAR despertar um mínimo de curiosidade. Não são livros de difícil compreensão como pensam, e sim de muitos sentimentos. Mas aí que vem o problema, são clássicos da literatura, e sempre estão na lista de recomendados da UPE e seus trechos aparecem demasiadamente em questões do ENEM. Na realidade, é um absurdo um aluno de terceiro ano não ter lido uma dessas obras, o mais absurdo ainda é ver um brasileiro de qualquer canto ignorar os poetas da cultura popular. O pior de tudo é notar em suas linhas a história que ainda se repete: a seca.
  Só publico esse tema para tentar despertar seu desejo de saber um pouco mais. Ler essa obra não significa que vai passar você no vestibular nem reprová-lo, mas enche-lo de uma cultura que aos poucos está se perdendo. Aconselho que leiam estas obras ou qualquer outras, e não parem nunca, pois o maior valor vem da leitura. E para os terceiranistas, um conselho: passe na frente de muitos atrasados que nem se dão ao luxo de saber sobre as obras, antes se prevenir com o excesso de informações do que remediar com a falta. Minha indicação desse bloco são esses dois livros, que são facilmente encontrados em qualquer livraria. BOA LEITURA!


Júlia Luna

De morena tropicana à estudante de letras. Torcedora rubro negra e leitora do mundo. Faço da vida um carnaval, e da minha cultura a minha fé. " A palavra é meu domínio sobre o mundo".

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