Quadrilha, 3º ano 2012
Uma das maravilhas de ser terceiranista é aquela vontade de participar de tudo. Prenda pra vir todo mundo brega? Simbora! Rifa do carrinho de mão de seu Zé do bar do cavanhaque? Conte comigo! Com a quadrilha junina não seria diferente...
O post da quadrilha deve ser feito por uma pessoa que seja mais apaixonada por isso do que eu, certo? É o papel perfeito para Júlia. Deixo com vocês a peça que foi produzida por nós duas e só digo uma coisa: esperem por fotos e vídeos!
O post da quadrilha deve ser feito por uma pessoa que seja mais apaixonada por isso do que eu, certo? É o papel perfeito para Júlia. Deixo com vocês a peça que foi produzida por nós duas e só digo uma coisa: esperem por fotos e vídeos!
PERSONAGENS:
NOIVO – João Victor
NOIVA – Beatriz
DELEGADO (PAI DA NOIVA) – Diego
MÃE DA NOIVA – Sandra
PADRE – Tharsis
CANGAÇEIRO – Diogo
FILHA DO CANGAÇEIRO – Caroline
Lá no
interior de Pernambuco uma grande festa começa. É época de São João! Muita
comida típica; pé-de-moleque, canjica, milho cozido, milho assado, bolo de
milho, além de fogos de artifício e muita molecagem. Algumas pessoas já estão
dançando no clima da mais bela quadrilha do sertão. Todos estão chegando, pois já
já vai começar o casamento.
(Padre e noivo já
estão em cena, os personagens começam a entrar, alguns saem do meio da platéia
e outros entram pela porta de fora, ao som de “Carcará – Otto”. Ao fim da
música todos sentam-se em seus lugares)
(Começa a tocar a
marcha nupcial, a noiva se recusa a entrar. Até que começa a tocar xaxado)
O casamento começa a ocorrer, todos parecem muito felizes,
até que o padre pergunta:
PADRE – Se alguém
aqui nesse arraial tem algo contra esse casamento fale agora ou cale-se para
sempre.
(Uma grande batida se
escuta e todos tomam um susto. Entra o cangaceiro armado.)
CANGACEIRO – A
minha pessoa tem!
NOIVO – (se tremendo de medo) – Vixe minha nossa
senhora!
PADRE – HOMI! Tu
já causa terror demais pelo sertão, ainda tem que atrapaiar esse casório?
CANGACEIRO – Seu
padre me desculpe, mas o senhor não se meta porque o meu “pobrema” é com esse
cabra safado aí . (aponta a arma para o
noivo) É hoje que tu morre!
(A noiva se desespera
e fica na frente do noivo, protegendo-o, enquanto as pessoas começam a fazer
barulho, inquietas)
NOIVA – Eu não
vou ficar sem noivo! Vire essa arma pra lá!
CANGACEIRO – Não
quero atirar em tu não, bichinha, saia da minha mira!
PADRE – (se
aproximando do cangaceiro) – mas o que foi que esse cristão fez pra tu querer
matar o pobre?
NOIVA – Ai meu
Deus! Mas o que foi que tu fez, homem? (Coloca
a mão na cintura e encara o noivo)
CANGACEIRO – Ah,
então ‘ocês’ não ficaram sabendo? (abaixa
a arma e dá uma gargalhada) Esse sujeito aí - (apontando para o noivo) -
embuxou minha ‘fia’!
(todos fazem caras de
surpresa e soltam um grande “OOOOH”)
PADRE – Meu
Sehor! É hoje que alguém morre! (Leva as
mãos à cabeça)
NOIVA – (puxando o noivo pela gola) - Tu
embuchou a fia desse sujeito?
NOIVO – (ajoelhado) – Embuchei não, minha
cabritinha!
NOIVA – (gritando) – Cabritinha nada! Embuchou
ou não?
NOIVO – (beijando as mãos da moça) Embuchei não!
NOIVA – Embuchou
não? (diminuindo o tom)
NOIVO – Embuchei
não!
(Noiva se dirige ao
cangaceiro)
NOIVA – Ele não
embuchou fia de ninguém aqui! (ouve algumas
tossidas)
CANGACEIRO –
Embuchou sim!
NOIVA – Embuchou
não, que ele não mente!
CANGACEIRO – Ele
não mente? Bora ver! (gritando)
Toinha! Cadê você? Entre aí, minha princesa do cangaço!
(Entra a filha do
cangaceiro, e o noivo se esconde atrás da mulher)
FILHA – Agora
quero ver tu me dizer que esse bucho num é teu!
NOIVA E NOIVO – (surpresos) – Ela ta prenha mesmo!
CANGACEIRO – Eu
rodei o sertão atrás de tu, seu peste! E eu digo e repito, hoje é o dia da tua
morte! Ninguém mexe com minha princesinha não!
FILHA – E eu digo
e apoio meu pai, hoje é o dia da tua morte, “disgraçado”!
NOIVO – (dirigindo-se à mulher) – Eu nem conheço
ela, cabritinha! Num me oie assim que eu num fiz foi nada!
FILHA – Ah, fez
não? Tu ta se esquecendo daquela noite em Cabrobó, é, sujeito? Tu quer que eu
lembre?
NOIVO – NÃO!
NOIVA – Tu dormiu
com a filha do cangaço, hômi?
FILHA – Ta vendo
que tu não esqueceu! Só esqueceu do bucho que deixou em mim.
NOIVO – Esse
bucho não é meu não!
FILHA – É teu
sim!
NOIVO – Embuchei
não!
FILHA – Embuchou
sim!
NOIVO – Embuchei
não!
TODOS NO CASAMENTO –
Embuchou sim!
NOIVO – Vixe
minha nossa senhora, complicou!
NOIVA – Seu cabra
safado! Tu mentisse pra mim! - (vira pro
cangaceiro) - Pois agora eu quero que mate!
NOIVO – Não, minha
cabritinha! (de joelhos implorando por
sua vida)
CANGACEIRO – Já
que a noiva permitiu, agora eu mato! (Aponta
a arma pro noivo)
(Noivo –ainda
ajoelhado - começa a rezar.)
PADRE – Hômi, não
faça isso, o que ele tem que fazer pra não morrer?
FILHA – Ele tem
que se casar comigo!
CANGACEIRO – Pois
se é isso que tu quer, minha fia, tu vai ter!
NOIVO – (se levantando) – Mas com ela eu não
caso!
CANGACEIRO –
Então eu te mato!
MÃE DA NOIVA – É
o quê? Homi, tome uma providência aí, cadê o cabra macho?
DELEGADO – (se tremendo) – Tô aqui! – (se apruma e penteia o bigode, ajeita a voz)
– Opa opa opa, ninguém aqui vai matar ninguém! Não quero ninguém morto!
MÃE – E Minha fia
não fica sem noivo
DELEGADO – Não
fica sem noivo!
CANGACEIRO – A
minha também não! Tais querendo me enfrentar é cabra? Só porque tu é delegado?
DELEGADO – (todo
medroso) – Eu mesmo não!
NOIVA – Ó pra
isso, mainha, painho vai deixar ele se casar com ela!
MÃE – É o quê?
DELEGADO – Mas
minha fia, tu mesma disse pra matar o cabra!
NOIVA – Eu disse
matar porque vivo ele só casa comigo!
FILHA – Apois
bora ver se ele não se casa comigo!
(As duas ficam se
encarando e gritando coisas sem nexo, enquanto o cangaceiro aponta sua arma
para o noivo. Vendo essa cena, a mãe da noiva manda o marido apontar a arma pra
o cangaceiro, e esse o faz se tremendo todo. Diante disso o padre se desespera
e grita.)
PADRE – Parem já!
(Todos se calam, imóveis,
olhando para o padre.)
PADRE – Ocês não
vão acabar com esse arraial! Muito menos com o casamento! E ocês dois – (falando com o delegado e o cangaceiro)
– abaixem essa arma ou eu expulso os dois daqui.
(Os dois abaixam as
armas.)
CANGACEIRO – Desculpe,
padrinho. (Abaixa a cabeça)
PADRE – Tu pare de ser afoita, visse mulher! Deus ta
vendo tudo! - (mãe da noiva cruza os
braços) - E ocês duas – (apontando
para a noiva e a filha do cangaço) – olhem o vexame! Duas moças brigando na
frente dessa gente toda!
NOIVA – Mas ela
quer me deixar sem noivo!
FILHA – E ela
quer deixar meu fio sem pai!
MÃE DA NOIVA –
Minha fia não fica sem noivo!
DELEGADO – (imediatamente imitando o gesto da mulher)
– Minha fia num fica sem noivo mesmo não!
CANGACEIRO – E a
minha não fica mãe sozinha não!
(Padre fica
pensativo.)
NOIVO – Eu me
caso com as duas! Cabô-se!
MÃE DA NOIVA –
VIXI MARIA!
DELEGADO – VIXI
MARIA!
PADRE – Valha-me
Deus! Isso aí não pode, meu filho!
NOIVO – Como
assim não pode? A vontade de Deus não é ver todo mundo feliz? Me casando com as
duas faço todas as duas felizes!
NOIVA – Eu vou
ter que dividir meu marido, é? Com essazinha eu não divido não!
FILHA – É o quê?
MÃE DA NOIVA – Fia,
não complique, senão tu já já fica sem noivo!
DELEGADO – É, já
já fica sem noivo!
CANGACEIRO – Essa
história num ta me agradando...
NOIVO – Mas num
tem que agradar mesmo não! É tua fia que decide, e eu quero me casar com as
duas! - (vira-se para a noiva) - Ou
tu quer ficar sem marido – (vira-se para
a filha) – e tu sem pai pro filho?
NOIVA E FILHA –
NÃO!
PADRE – Se todos
ficarem felizes e ninguém morrer, eu faço o casório!
CANGACEIRO – Se
minha princesinha quiser...
NOIVO – Vamo que
eu não quero morrer não... Casam ou não casam?
(As duas se
entreolham, sorriem e concordam.)
NOIVA E FILHA –
Casamos!
MÃE DA NOIVA –
Faça logo as honra, seu padre! Que ainda quero dançar quadrilha!
DELEGADO – (puxa a mulher pro lado) – Isso mesmo,
ainda queremos dançar!
(Noivo puxa uma para
cada lado e todos ficam em posição para o casamento)
PADRE – Estão
todas felizes? Aceitam se casar? – (Noivas
concordam) – Então que comece a dançar a quadrilha mais aprumada desse
sertão!
E assim a
noite acabou feliz, e o mais importante, com todos vivos. A mais bela quadrilha
agora dançava sobre a chama da fogueira e sob os fogos de artifício.
PS: substituam o nome "cangaceiro" por "coronel".
Tenham um bom São João!
PS: substituam o nome "cangaceiro" por "coronel".
Tenham um bom São João!
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